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Inter Faces Urbanas / 2002

vídeo, fotografia, instalação

câmera de vigilânica, foto,
backlight box
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Conceito
 
Inter faces urbanas é um projeto desenvolvido em duas etapas. A primeira foca no registro de imagens em centros urbanos, meios de transportes, tomadas durante minha circulação pela cidade. A captura das imagens ocorre através de um dispositivo híbrido composto por uma micro câmera de vigilância, uma mini DV (filmadora e câmera digital) e meu próprio corpo. A micro câmera foi camuflada num gorro de maneira que esta pudesse transitar pelos espaços urbanos sem ser percebida. As imagens foram capturadas numa mini DV de tempo em tempo. A micro câmera alinhada aos olhos do artista serviu para registrar cenas de um cotidiano de pessoas isoladas em seus pensamentos, dispersas na cinzenta malha urbana.
Inter faces urbanas trabalha sobre o paradigma da câmera de vigilância destituindo-a de sua principal função, controlar o espaço privado,, ao fazê-la transitar pelo espaço público. Neste trabalho a câmera deixa de ser uma extensão do olho e numa inversão de papeis, o corpo do sujeito que a transporta passa a funcionar como sua extensão. Esta ação, contudo, não é controladora. A câmera não mais vigia, integrada ao corpo ela se torna parte da multidão. Já dizia o fotógrafo: “fotografar não é olhar o mundo através de um buraco da fechadura (…) Fotografar é uma troca, você vê e é visto”. De modo contrário, a câmera acoplada ao sujeito que a veste é transparente aos olhos alheios. Não é vista pois se integra a invisibilidade do sujeito contemporâneo, mixado aos ruídos da cidade, camuflado no tecido urbano. Quem vê apenas é a câmera, que revela através de seu olho-digital outros corpos ausentes, perdidos nos pensamentos fugazes que compõem as memórias dos grandes centros. O ato fotográfico se desfaz do tradicional alinhamento objeto-câmera-olho, e a imagem, resultado deste processo, se revela como registro de um deslocamento, fragmento de memória de um corpo em trânsito. Inter faces urbanas é o retrato desse gesto. Um desenho sobre a cidade.
A segunda etapa do projeto apresentou as imagens adquiridas nos trajetos na cidade na forma de uma instalação que permitiu ao público um deslocamento não linear através das imagens suspensas no espaço da galeria. As imagens foram montadas em pequenas caixas iluminadas em backlight e distribuídas ao longo da galeria. Impressas em papel, os registros ocupavam dois lados das caixas que pendiam do teto até a altura dos olhos. O espaço de exibição se encontrava em total escuridão, atravessado apenas pelas imagens iluminadas em sua respectivas caixas. Numa disposição geral foram vinte e quatro módulos alinhados em formato 6 X 4 de maneira a criar uma malha que permitisse a cada visitante da instalação percorrer todos os lados e direções de cada módulo suspenso. A ideia de uma instalação acrescentou as imagens um componente espacial gerado pelas diferentes possibilidades de fruição. Possibilitou ainda dimensionar uma rede configurada dentro do espaço da galeria através dos fios que interligavam e forneciam energia aos pequenos módulos de imagem, conectando estes à arquitetura e consequentemente ao espaço urbano. Este circuito foi realimentado pela experiência de deslocamento do sujeito que ao navegar a instalação se via imerso no espaço ativado pelos ruídos da cidade que atravessam as paredes da galeria. Inter faces urbanas propõe novas circunstâncias de visibilidade ao agenciar diferentes formas de acesso ao espectador. A mera visualização de imagens deu lugar a dimensionalidade gerada no contexto da exibição. O foco principal deste trabalho é a configuração de um espaço-tempo que se dilata à medida que o sujeito se conecta ao ambiente da obra, acionando uma rede cognitiva que se desdobra interligando o deslocamento do artista, o olho da máquina e o cotidiano das grandes cidades.
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